Conceitualmente
a obesidade pode ser considerada como um acúmulo de tecido gorduroso, pelo
corpo todo, causado por doenças genéticas ou endócrino-metabólicas ou por
alterações nutricionais. A ingestão de uma quantidade excessiva de calorias
também pode levar à obesidade, mas o aparecimento e a prevalência do sobrepeso
em crianças e adultos não decorre somente em função da ingestão de nutrientes
mas também por um decréscimo na atividade física levando a um balanço
energético desfavorável.
Crianças e
adolescentes obesos tendem a se tornar adultos obesos. Estudo demonstra que 80%
dos adolescentes obesos levam a casos de obesidade no adulto, os indivíduos adultos
obesos que apresentaram obesidade na infância tendem a ser classificados como
tendo obesidade mais grave do que aqueles que se tornaram obesos quando adultos.
Muitos
estudos têm demonstrado que o exercício pode ser muito eficiente em reduzir a gordura
corporal em crianças e adolescentes obesos. A maioria desses estudos envolve
programas de aumento da atividade física. Em programas de treinamento físico
com crianças, melhores resultados foram alcançados quando a atividade física
envolvida era comum ao estilo de vida da criança, como andar e subir escadas,
ao invés de correr ou participar de aulas de ginástica.
Outro estudo
foi realizado para avaliar o efeito do exercício anaeróbio e aeróbio na massa
de gordura corporal de adolescentes obesos. Para este estudo os voluntários
foram divididos em 03 grupos, sendo o grupo 1 de treinamento anaeróbico com
duração de três meses e orientação e consulta nutricional, o grupo 2 com
treinamento físico aeróbio com duração de três meses e orientação e consulta
nutricional e o grupo 3 sem realização de treinamento físico durante três meses somente orientação
e consulta nutricional.
Todos os
voluntários selecionados foram submetidos a avaliações antropométricas,
clínica, de composição corporal, e de aptidão física antes de ingressarem no
projeto. Após o período de três meses os voluntários foram submetidos à reavaliação,
utilizando-se os mesmos critérios da avaliação inicial.
A utilização
do exercício físico tem sido um dos procedimentos mais empregados para o
tratamento da obesidade. Uma reduzida taxa de atividade física é um fator de
risco contribuinte para o desenvolvimento da obesidade, pouca atividade física
aumenta o risco de incidência da obesidade e a obesidade pode também, por outro
lado, contribuir para os baixos níveis de atividade física. Existe
significativa relação inversa entre atividade física e índices de gordura.
Estudos
comprovam a eficácia do exercício para aumento de queima de gordura e
diminuição da massa corporal. Pessoas que se exercitam regularmente conseguem
alcançar melhores resultados na perda de massa corporal do que os que não
realizam nenhum tipo de atividade física. Embora o exercício não seja hábil em
proteger o organismo da redução da taxa metabólica de repouso, causada pela
utilização de uma dieta de baixas calorias (um procedimento comum quando se
visa a perda de massa corporal), ele é muito eficaz para promover uma maior
queima de gordura corporal.
As diferenças
entre os grupos deste trabalho para os valores de composição corporal foram observadas
principalmente entre os grupos de treinamento anaeróbio e controle, o que pode
ser devido à intensidade da atividade, uma vez que o treinamento anaeróbio
apresentou uma carga de treinamento (relação entre volume x intensidade de
trabalho) superior ao grupo de treinamento aeróbio.
O exercício
sem modificação dietética parece não ser suficiente para produzir uma
significante perda de massa corporal em pessoas obesas e que a estratégia
essencial é associar o exercício físico à dieta, apesar do exercício não promover
uma redução de massa corporal com intervenções curtas, ele é essencial na
manutenção da massa corporal.
O exercício
físico sozinho produz uma modesta perda de massa corporal, embora estudos
comprovem que quando o exercício é realizado com grande intensidade pode
promover grandes perdas de massa corporal; entretanto, indivíduos obesos geralmente
não apresentam os requerimentos físicos e de aptidão necessários para realizar
um exercício físico de alta intensidade. A intensidade do exercício afeta a
magnitude da elevação da taxa metabólica pós-exercício mais do que a duração;
entretanto, não parece possível que indivíduos destreinados sejam capazes de
manter a intensidade necessária para produzir uma prolongada elevação no gasto energético
pós-exercício.
Quando se
trata de redução de massa corporal em indivíduos obesos a intervenção
nutricional é de suma importância, não importando se os pacientes são adultos,
adolescentes ou crianças.
Para Kraemer
et al. os resultados obtidos indicaram que a dieta conjugada ao exercício
aeróbio e treinamento de força previne o declínio normal da massa livre de
gordura e aumenta a potência muscular e o consumo máximo de oxigênio quando
comparado à dieta restritiva sozinha.
Para Ebbeling
e Rodriguez, o exercício acarreta benefícios metabólicos durante a perda de
massa corporal induzida pela dieta de baixa caloria.
A diferença
da gordura corporal total parece ter sido influenciada pela perda de gordura de
membros inferiores, talvez influenciada pelo tipo de atividade, uma vez que o
exercício físico proposto para ambos os grupos foi executado pelos membros
inferiores (pedalar em bicicleta ergométrica).
Podemos
concluir que o exercício físico, tanto aeróbio como anaeróbio, aliado à
orientação nutricional, promove maior redução ponderal, quando comparado com a
orientação nutricional somente.
O exercício
anaeróbio, proposto neste estudo, foi mais eficiente para promover a diminuição
da gordura corporal e da percentagem de gordura que o exercício aeróbio e a
orientação alimentar isolada. A intensidade do exercício físico é fator
primordial para melhor aquisição de resultados, tanto de condicionamento físico,
quanto visando perda de massa corporal.
Publicado por: Thais C. S. Silva
Referências:
Fernandez, AC et al. Influência do treinamento aeróbio e
anaeróbio na massa de gordura corporal de adolescentes obesos. Rev Bras Med
Esporte _ Vol. 10, Nº 3 – Mai/Jun, 2004
PFITZINGER, P.; LYTHE, J. O consumo aeróbico e o gasto
energético durante o Bodypump.Fitness & Performance Journal, v.2, n.2, p. 113-121,
2003.
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