terça-feira, 4 de junho de 2013

MACARRÃO INSTANTÂNEO E O ALTO TEOR DE SÓDIO



         Os dez principais macarrões instantâneos vendidos no País foram classificados como ruins pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Pro Teste). A pesquisa constatou que o tempero desses macarrões oferece até 15 vezes o valor diário recomendado para o consumo de sódio e quantidades abusivas de glutamato monossódico, um realçador de sabor que poderia causar dependência. Nas massas também foram encontradas quantidades excessivas de gordura.

        A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a ingestão diária de, no máximo, 2 g de sódio ou 4 g de sal. Entre os produtos avaliados, a menor concentração de sódio foi de 16 g a cada 100 g do sachê de tempero no Nissin
Lamen Light.

          As marcas Qualitá e Piraquê, que mais concentram a substância, utilizam até 15 vezes a quantidade ideal diária. "Trinta gramas de sódio em uma receita é abusivo à saúde", diz Alessandra de Macedo, coordenadora de produtos da Pro Teste.
         O sódio é usado como sal nos "miojos" e o consumo excessivo pode causar problemas cardíacos e de pressão. "O sódio é necessário para o equilíbrio hídrico do corpo. Atua na transpiração, na urina e no sangue, controla asaída e entrada de líquidos das células. Mas em excesso, é o grande vilão da pressão arterial", diz o NUTRICIONISTA Daniel Bandoni, do Departamento de NUTRIÇÃO da Faculdade de Saúde Pública da USP.
    Enquanto os efeitos do sódio são conhecidos, a vice-presidente da Associação Brasileira de NUTRIÇÃO, Virginia Nascimento, alerta para os perigos do glutamato monossódico. "Não há estudos que comprovem o impacto da substância no organismo. Ele atua como um realçador do sabor e existem indícios de quea substância pode levar a dependência."
        Enxaqueca, dor de cabeça, dor no pescoço, queimação no peito, sudorese e ondas de calor são algumas reações observadas pelos especialistas em pessoas que consomem grandes quantidades de glutamato. No macarrão Maggi Lamenitos, a Pro Teste detectou até 242 g por 1 kg do produto. "É muita coisa", diz Bandoni. "Indicamos que as pessoas evitem o glutamato monossódico."
         Apesar de a Pro Teste classificar o tempero dos macarrões instantâneos como o pior do produto, a massa também tem problemas. "Detectamos quantidade expressiva de gordura, que, combinada ao sódio e ao glutamato monossódico, potencializa a gravidade de ingerir um alimento como esses", diz Alessandra.
         A coordenadora técnica explica que o processo de desidratação da massa - o macarrão é frito até ressecar e depois cozido - retém gordura. "Mesmo sem os temperos, os macarrões apresentaram em média cinco vezes mais gordura do que o macarrão tradicional." O produto que apresentou teor mais alto de gordura foi o Nissin Lamen Turma da Mônica, com 16 g a cada 100 g. No macarrão tradicional, a concentração de colesterol é de 5 mg por 100 g.
         Para NUTRICIONISTAS, os macarrões instantâneos devem ser substituídos pelo macarrão tradicional. "Uma boa massa pode ser preparada em 3 minutos e mesmo temperada terá menos sal e glutamato monossódico", afirma Bandoni.

       A Salmin, fabricante do Renata Express, e a Piraquê informaram que os produtos são indicados para adultos. A Piraquê informou que o macarrão, com valores divergentes ao esperado, foi encaminhado para análise.
      A Nissin, responsável pelo Nissin Lamen e pelo Nissin Turma da Mônica, informou que os produtos atendem "totalmente" à legislação referente aos teores de gordura e sódio. A Nestlé, fabricante das marcas Maggi e Maggi
Lamenitos, afirmou que os produtos estão aptos para consumo, mas que há política de diminuição desses teores.

      Em comunicado sobre a pesquisa, a Adria destacou que segue o padrão praticado no mercado. O Walmart, fabricante do Great Value, diz que o produto está de acordo com as normas legais, mas solicitou novas análises. O
Carrefour não se manifestou. Já o Pão de Açúcar, fabricante do Qualitá, contesta a análise e afirma que desconhece o laboratório responsável.



Postado por: Dayane O. Fiuza

Referência:

Conselho Federal de Nutricionistas. Disponível em: <http://www.cfn.org.br/novosite/conteudo.aspx?IdMenu=215&idconteudo=770>.

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