sexta-feira, 7 de junho de 2013

Nutrição e Atividade Física na Prevenção de Doenças Cardiovasculares


As doenças cardiovasculares (DCV) constituem a principal causa de mortalidade no mundo e o seu crescimento significativo nos países em desenvolvimento alerta para o potencial impacto nas classes menos favorecidas. São influenciadas por um conjunto de fatores de risco (FR), alguns modificáveis mediante alterações no estilo de vida, como a dieta adequada e o exercício regular.

Ainda que existam alguns fatores de risco causais e independentes da aterosclerose, como altas concentrações de LDL-colesterol (LDL-c), a associação dos fatores de risco irá influenciar o poder preditor de risco e a meta lipídica adotada para prevenção das DCV. Observam-se dois grupos de FR: aqueles não controláveis e aqueles “modificáveis” através de intervenções no estilo de vida. De acordo com as últimas diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia, os FR mais evidentes no panorama da saúde cardiovascular no Brasil são: tabagismo, hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus, obesidade e dislipidemias.

Ainda que o sedentarismo não tenha sido estratificado no panorama nacional, há algum tempo ele vem sendo mencionado por diversos autores como um importante FR para as DCV. Outros FR vêm sendo investigados por sua correlação com as DCV, como: concentração sanguínea de homocisteína e de lipoproteína.

Lipídios – Embora ainda existam controvérsias, a redução de lipídios para no máximo 30% do valor calórico total já resulta em benefícios no controle das DCV.
Gorduras saturadas – A gordura saturada é a principal causa alimentar de elevação de colesterol plasmático, pois reduz os receptores celulares B-E, inibindo a remoção plasmática das partículas de LDL-c, permitindo, além disso, maior entrada de colesterol nas partículas de LDL-c. Os ácidos graxos saturados estão presentes principalmente na gordura animal (carnes gordurosas, leite integral e derivados), polpa de coco e alguns óleos vegetais (dendê e coco).

Ômega-6 e ômega-3 – As gorduras poliinsaturadas subdividem- se em ácidos graxos ômega-6 e ômega-3. Os ômega-6 são encontrados em óleos vegetais como o de milho e soja, e, embora não prejudiciais, são mais suscetíveis à oxidação e talvez reduzam as concentrações da HDL-c, tornando os cientistas mais prudentes em relação a eles.

Frutos oleaginosos – As castanhas, amêndoas, avelãs, pistácios, nozes, talvez por seu alto teor de gordura, não são freqüentes na dieta ocidental. Diversos estudos vêm indicando que seu consumo freqüente está associado a risco reduzido de doenças coronarianas.

Fitosteróis – Desempenham nos vegetais funções análogas ao colesterol nos tecidos animais. Acredita-se que competem com o colesterol no momento da absorção intestinal, reduzindo, portanto, a concentração plasmática deste. O beta-sitosterol é o principal fitosterol encontrado nos alimentos; é extraído dos óleos vegetais e sua esterificação melhorou sua solubilidade, possibilitando que fosse adicionado aos alimentos. A saturação do beta-sitosterol forma o sitostanol-éster e acredita-se que ambos reduzam a colesterolemia. Uma dieta balanceada com quantidades adequadas de vegetais fornece 200 a 400mg de fitosteróis,mas a ingestão de 3 a 4g/dia destes promove a redução da LDL-c ao redor de 10% a 15% em média, ainda que não influencie as concentrações séricas de HDL-c e de triglicerídeos.

Fibras alimentares – Existem dois tipos de fibras alimentares: as solúveis (pectinas, gomas, mucilagens, algumas hemiceluloses) encontradas nos legumes, aveia, leguminosas (feijão, ervilha, lentilha) e frutas, particularmente as cítricas e maçã; e as insolúveis (lignina, celulose, algumas hemiceluloses), presentes nos derivados de grãos inteiros, como os farelos, e também nas verduras

O exercício físico regular atua na prevenção e controle das DCV, influenciando quase todos os seus FR3, e, associada a modificações na alimentação, deveria ser meta prioritárianos programas de prevenção das DCV.

Exercício e dislipidemias – Um dos maiores benefícios da atividade física regular é a melhora do perfil lipídico a longo prazo; o tipo de exercício que mais atua no metabolismo de lipoproteínas é o aeróbio, pois eleva a concentração sanguínea da HDL-c e sua subfração HDL, cujo aumento vem sendo associado inversamente às coronariopatias. Além disso, reduz de forma consistente as concentrações plasmáticas dos triglicerídeos, embora a diminuição do colesterol total e LDL-c seja controversa, pois é mais eficiente quando associada à perda de peso e à restrição energética. Ainda assim, ocorrem mudanças nas subfrações da LDL-c, pois praticantes de atividade aeróbia apresentam concentrações mais baixas de LDL do que sedentários e esta subfração vem sendo associada às coronariopatia.



Postado por: Thais C. S. Silva

Referências:

RIQUE, AB. Nutrição e exercício na prevenção e controle das doenças cardiovasculares. Rev Bras Med Esporte Vol. 8, Nº 6 – Nov/Dez, 2002

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