As doenças cardiovasculares (DCV) constituem
a principal causa de mortalidade no mundo e o seu crescimento significativo nos
países em desenvolvimento alerta para o potencial impacto nas classes menos
favorecidas. São influenciadas por um conjunto de fatores de risco (FR), alguns
modificáveis mediante alterações no estilo de vida, como a dieta adequada e o
exercício regular.
Ainda que existam alguns fatores de
risco causais e independentes da aterosclerose, como altas concentrações de
LDL-colesterol (LDL-c), a associação dos fatores de risco irá influenciar o
poder preditor de risco e a meta lipídica adotada para prevenção das DCV.
Observam-se dois grupos de FR: aqueles não controláveis e aqueles
“modificáveis” através de intervenções no estilo de vida. De acordo com as
últimas diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia, os FR mais evidentes
no panorama da saúde cardiovascular no Brasil são: tabagismo, hipertensão
arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus, obesidade e dislipidemias.
Ainda que o sedentarismo não tenha
sido estratificado no panorama nacional, há algum tempo ele vem sendo
mencionado por diversos autores como um importante FR para as DCV. Outros FR
vêm sendo investigados por sua correlação com as DCV, como: concentração
sanguínea de homocisteína e de lipoproteína.
Lipídios – Embora ainda existam controvérsias,
a redução de lipídios para no máximo 30% do valor calórico total já resulta em
benefícios no controle das DCV.
Gorduras saturadas – A gordura saturada é a principal
causa alimentar de elevação de colesterol plasmático, pois reduz os receptores
celulares B-E, inibindo a remoção plasmática das partículas de LDL-c,
permitindo, além disso, maior entrada de colesterol nas partículas de LDL-c.
Os ácidos graxos saturados estão presentes principalmente na gordura animal
(carnes gordurosas, leite integral e derivados), polpa de coco e alguns óleos
vegetais (dendê e coco).
Ômega-6 e ômega-3 – As gorduras poliinsaturadas
subdividem- se em ácidos graxos ômega-6 e ômega-3. Os ômega-6 são encontrados
em óleos vegetais como o de milho e soja, e, embora não prejudiciais, são mais
suscetíveis à oxidação e talvez reduzam as concentrações da HDL-c, tornando os
cientistas mais prudentes em relação a eles.
Frutos oleaginosos – As castanhas, amêndoas, avelãs,
pistácios, nozes, talvez por seu alto teor de gordura, não são freqüentes na
dieta ocidental. Diversos estudos vêm indicando que seu consumo freqüente está
associado a risco reduzido de doenças coronarianas.
Fitosteróis – Desempenham nos vegetais funções
análogas ao colesterol nos tecidos animais. Acredita-se que competem com o
colesterol no momento da absorção intestinal, reduzindo, portanto, a
concentração plasmática deste. O beta-sitosterol é o principal fitosterol
encontrado nos alimentos; é extraído dos óleos vegetais e sua esterificação
melhorou sua solubilidade, possibilitando que fosse adicionado aos alimentos. A
saturação do beta-sitosterol forma o sitostanol-éster e acredita-se
que ambos reduzam a colesterolemia. Uma dieta balanceada com quantidades
adequadas de vegetais fornece 200 a 400mg de fitosteróis,mas a ingestão de 3 a
4g/dia destes promove a redução da LDL-c ao redor de 10% a 15% em média, ainda
que não influencie as concentrações séricas de
HDL-c e de triglicerídeos.
Fibras alimentares – Existem dois tipos de fibras
alimentares: as solúveis (pectinas, gomas, mucilagens, algumas hemiceluloses)
encontradas nos legumes, aveia, leguminosas (feijão, ervilha, lentilha) e
frutas, particularmente as cítricas e maçã; e as insolúveis (lignina, celulose,
algumas hemiceluloses), presentes nos derivados de grãos inteiros, como os
farelos, e também nas verduras
O exercício físico regular atua na
prevenção e controle das DCV, influenciando quase todos os seus FR3, e,
associada a modificações na alimentação, deveria ser meta prioritárianos
programas de prevenção das DCV.
Exercício e dislipidemias – Um dos maiores benefícios da
atividade física regular é a melhora do perfil lipídico a longo prazo; o tipo
de exercício que mais atua no metabolismo de lipoproteínas é o aeróbio, pois
eleva a concentração sanguínea da HDL-c e sua subfração HDL, cujo aumento vem
sendo associado inversamente às coronariopatias. Além disso, reduz de forma
consistente as concentrações plasmáticas dos triglicerídeos, embora a
diminuição do colesterol total e LDL-c seja controversa, pois é mais eficiente
quando associada à perda de peso e à restrição energética. Ainda assim, ocorrem
mudanças nas subfrações da LDL-c, pois praticantes de atividade aeróbia apresentam
concentrações mais baixas de LDL do que sedentários e esta subfração vem sendo
associada às coronariopatia.
Postado por: Thais C. S. Silva
Referências:
RIQUE, AB. Nutrição
e exercício na prevenção e controle das doenças cardiovasculares. Rev Bras Med
Esporte Vol. 8, Nº 6 – Nov/Dez, 2002
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