Na era pós Projeto Genoma, surgiram muitas ciências “ômicas”
e dentro destas, surgiu a Nutrigenômica.
Vamos começar revendo o conceito de GENOMA: o
conjunto de todas as moléculas de DNA de um determinado ser vivo. Nestas
moléculas encontram-se os genes, que guardam as informações para a produção de
todas as proteínas que caracterizam os seres.
Assim, nutrigenômica é a ciência que estuda a como alimentos, nutrientes
e outros compostos bioativos ingeridos influenciam o genoma. E pode
ser entendida de duas maneiras, ou seja, tanto a alimentação poderia influenciar
a atividade dos genes, quanto os genes poderiam influenciar a necessidade de nutrientes.
Apesar de sermos diferentes uns dos outros em aspectos
físicos, nosso genoma é 99% idêntico, sendo 0,1% de diferença, responsável por
alterações na cor da pele, dos olhos, dos cabelos e inclusive pelo maior ou
menor risco para desenvolver doenças crônicas e pela necessidade de determinados
nutrientes e compostos bioativos.
Ou seja,
a alimentação tem papel importante tanto para acelerar quanto para prevenir o desenvolvimento
dessas doenças.
Diferentemente de fármacos, que foram desenhados para atuar
em vias específicas, componentes dos alimentos apresentam múltiplos alvos
moleculares. Apesar de sua menor potência quando comparados a moléculas
sintéticas, nutrientes e CBAs (compostos bio ativos) podem atuar de forma sinérgica
por se encontrarem em diferentes combinações nos alimentos.
O consumo de ácidos graxos ômega-3, presente em alguns tipos
de peixes, altera a expressão de mais de 1000 genes, muitos dos quais envolvidos
com a inibição do desenvolvimento da aterosclerose. Além disso, o resveratrol,
composto bioativo presente no vinho tinto, é capaz de induzir e reprimir a
expressão de genes que codificam para proteínas vasodilatadoras e
vasoconstritoras, respectivamente, o que parece explicar seus efeitos benéficos
em doenças cardiovasculares.
Em 2007, foi criada a Rede Brasileira de Nutrigenômica
(www.nutrigenomicabrasil.org) que se propõe a estimular o desenvolvimento dessa
disciplina científica em nosso país. O foco primário da Rede consiste na promoção
e coordenação de projetos integrados, realizados em nossa população,
considerada como a mais miscigenada do mundo.
Praticamente toda semana pesquisadores publicam descobertas
de novos genes relacionados ao desenvolvimento de DCNTs tais como, câncer,
diabetes, doenças cardiovasculares e obesidade e um dos principais conceitos da
nutrigenômica é que genes modulados pela alimentação parecem ter papel
importante na incidência, progressão e/ou gravidade de DCNT.
No que se refere à indústria de alimentos, estes
conhecimentos terão, sem dúvida, seu papel na alimentação
personalizada, principalmente como um componente que colaborará para um
padrão alimentar cada vez mais saudável. O desenvolvimento de alegações de
saúde e nutrição para alimentos/suplementos passarão a ser direcionados a
grupos específicos da população.
É
importante entender bem a diferença entre Nutrigenômica e NUTRIGENÉTICA.
A Nutrigenética estuda como a constituição
genética de uma pessoa afeta sua resposta à dieta.
Apesar de todos estes estudos e
avanços, estamos apenas no começo da criação de um mapa detalhado da interação
genes x dieta. Mesmo que a coleta de dados esteja se tornando mais
fácil, ainda existem grandes desafios de como analisar e interpretar estes
dados. A evolução tecnológica está acontecendo tão rapidamente que já se fala
agora em análise dos genomas pessoais. Entretanto, ainda estamos há certa
distância de compreensão da amplitude de impacto destas informações.
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