sábado, 17 de maio de 2014

Zinco, estresse oxidativo e atividade física.


Durante a atividade física ocorrem diversas adaptações fisiológicas, sendo necessários ajustes cardiovasculares e respiratórios para compensar e manter o esforço realizado. O exercício físico intenso induz a formação excessiva de espécies reativas de oxigênio associadas ao metabolismo energético acelerado. Essas espécies podem contribuir para danos tissulares e celulares e prejudicar o desempenho do atleta.
Para prevenir ou reduzir os efeitos causados pelo estresse oxidativo gerado pelo exercício intenso, o organismo está equipado com diversos mecanismos de defesa antioxidante. Nesses mecanismos, vários micronutrientes desempenham papel importante, entre eles o zinco, que participa da estrutura da enzima superóxido dismutase, além de ser um potente estabilizador das membranas celulares, de proteínas estruturais e da sinalização celular.
Atualmente muitos pesquisadores têm demonstrado interesse em elucidar a influência de micronutrientes sobre o estresse oxidativo na atividade física, com o intuito de minimizar os efeitos prejudiciais do excesso de espécies reativas de oxigênio e melhorar a capacidade antioxidante dos atletas através da adequação do estado nutricional em micronutrientes .

Exercício físico como agente pró-oxidante

Os radicais livres podem atacar todas as principais classes de biomoléculas, sendo os lipídeos os mais suscetíveis. Os ácidos graxos polinsaturados  das membranas celulares são rapidamente atacados por radicais oxidantes. A destruição oxidativa dos ácidos graxos polinsaturados, conhecida como peroxidação lipídica, é bastante lesiva por ser uma reação de auto-propagação na membrana.
Na atividade física intensa há um aumento de 10 a 20 vezes no consumo total de oxigênio do organismo e um aumento de 100 a 200 vezes na captação de oxigênio pelo tecido muscular, favorecendo o aumento da produção de espécies reativas de oxigênio. As modalidades esportivas que obtêm energia através do metabolismo aeróbio apresentam, portanto, mais facilidade de promover a liberação dessas substâncias em comparação com aquelas que obtêm energia através do metabolismo anaeróbio. Com isso os atletas ligados a modalidades aeróbias sofrem mais as conseqüências da presença de espécies reativas de oxigênio.
O exercício físico intenso pode ativar três principais vias de formação de espécies reativas de oxigênio: produção mitocondrial, produção citoplasmática e produção favorecida pelos íons ferro e cobre.

Sistema de defesa antioxidante

O sistema de defesa antioxidante do organismo tem como principal função inibir ou reduzir os danos causados às células pelas espécies reativas de oxigênio. Existe uma grande variedade de substâncias antioxidantes, as quais podem ser classificadas em função da origem e/ou localização em antioxidantes dietéticos e antioxidantes intra e extracelulares. O mecanismo de ação dos antioxidantes permite ainda classificá-los como antioxidantes de prevenção (impedem a formação de radicais livres), varredores (impedem o ataque de radicais livres às células) e de reparo (favorecem a remoção de danos da molécula de DNA e a reconstituição das membranas celulares danificadas.
O desequilíbrio entre a liberação de espécies reativas de oxigênio e a capacidade de ação dos sistemas de defesa antioxidante promove o estresse oxidativo. O excesso de liberação de espécies reativas de oxigênio faz parte do mecanismo intermediário de várias doenças que envolvem isquemia, inflamação, trauma, doenças degenerativas e morte celular por ruptura da membrana (lipoperoxidação) e inativação enzimática.

Papel biológico do zinco

O zinco é essencial para a integridade e funcionalidade das membranas celulares. A sua concentração na membrana das células pode ser bastante elevada dependendo do tipo celular e é influenciada pelo estado nutricional em zinco do organismo. Pesquisadores sugerem que a perda de zinco da membrana celular é um dos primeiros sinais de depleção deste mineral no organismo. Esta perda pode afetar a função da membrana celular, alterando a fluidez, os canais de transporte de sódio e de cálcio e o balanço hídrico e osmótico da célula. A participação do zinco na estabilidade de membranas tem sido explicada pelos seguintes mecanismos: 1) promove a associação entre as proteínas de membrana e as do citoesqueleto; 2) estabiliza a forma reduzida de grupamentos sulfidrilas, contribuindo para a proteção antioxidante contra os efeitos de ruptura de membranas causados por oxidação de lipídios e proteínas; e 3) preserva a integridade de canais iônicos, agindo assim como antagonista ao efeito adverso do íon Ca+2 livre.

O estado nutricional de zinco é de difícil avaliação, uma vez que ainda não foram identificados indicadores bioquímicos bastante sensíveis. Zinco plasmático (ou sérico) é o indicador mais utilizado.
Resultados da concentração de zinco no soro ou plasma obtidos logo após o exercício físico têm de ser avaliados com cautela, pois nos primeiros 30 minutos após exercício de resistência têm sido observados tanto reduções (12%-33%) quanto aumentos significativos de concentração de zinco, neste último caso seguido de rápido declínio.
A hipozincemia em atletas pode ser causada pela ingestão inadequada de zinco, pela expansão do volume plasmático resultando em hemodiluição, pelo aumento das perdas de zinco através de suor e urina e pela redistribuição de zinco plasmático para o fígado e/ou eritrócitos após o exercício. Níveis aumentados de interleucinas plasmáticas, tal como ocorrem na inflamação, no dano tissular e também no exercício intenso, estimulam o fígado a aumentar a captação do zinco do plasma para a síntese de metalotioneína (e possivelmente de superóxido dismutase e outras zinco-proteínas), necessária aos mecanismos de resposta aguda.
O aumento do zinco sérico em algumas modalidades esportivas logo após o exercício poderia ser também explicado pela mobilização do mineral entre tecidos. O pico de concentração do zinco sérico imediatamente após o exercício intenso tem sido atribuído ao seu rápido extravasamento do tecido muscular danificado para o fluido extracelular. O posterior declínio de concentração do zinco plasmático tem sido explicado pela mobilização de zinco do plasma para o fígado em resposta ao aumento de interleucinas circulantes.
O exercício físico intenso e as temperaturas extremas são também promotores da perda de micronutrientes do organismo.
A ingestão recomendada de zinco na dieta é de 8mg/dia para mulheres e de 11mg/dia para homens. Não há recomendações específicas para atletas, os quais têm o hábito de consumir dietas ricas em energia, fato que, no entanto, não é garantia do consumo de quantidades adequadas de minerais e vitaminas.

Postado por: Carolina Barsotti
Referencia Bibliográfica: https://www.portaleducacao.com.br/esporte/artigos/3415/zinco-estresse-oxidativo-e-atividade-fisica

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