No dia 1º de agosto de 2006 entrou em vigor a norma que obriga os fabricantes a especificarem na embalagem a quantidade de gordura trans contida nos alimentos. A medida determinada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi festejada por toda a comunidade médica, pois esse tipo específico de gordura faz grande mal à saúde.
"Ela eleva o colesterol ruim (LDL), diminui o colesterol bom (HDL), aumenta a obesidade abdominal e o processo inflamatório no organismo e há um risco maior de desenvolvimento de diabetes", alerta o cardiologista Raul Dias dos Santos Filho, consultor do Centro de Medicina Preventiva Einstein. Isso tudo pode predispor a um risco muito grande de aterosclerose, que é a formação de placas de gordura, causadoras do entupimento das artérias do coração e do cérebro. "Por isso é muito importante haver a conscientização da população para não consumir esses alimentos", completa o médico. Também há evidências na literatura científica de que o consumo excessivo de gordura trans pode estar relacionado à maior incidência de câncer de mama.
O que é
A gordura trans é um tipo específico de gordura, formado por um processo químico que pode ser:
- natural: quando ocorre no estômago de animais;
- industrial: quando óleos vegetais líquidos são transformados em gorduras sólidas com a adição de hidrogênio.
O nome trans é um diminutivo de transverso – ou, mais especificamente, de ácido graxo transverso. A substância é largamente utilizada pela indústria para melhorar o aspecto e a consistência dos alimentos e aumentar sua durabilidade. Mas, encontrada em pouca quantidade na natureza, não é bem digerida pelo organismo. "A verdade é que não fomos preparados para ingerir a gordura trans. Parece haver uma incapacidade do organismo em eliminá-la e ela ficará depositada no corpo", explica o dr. Raul. E não existe nenhum alimento que, quando ingerido, combata a trans ou minimize seus efeitos no organismo; portanto, o melhor é passar bem longe desse vilão.
Onde está
É de grande importância a medida adotada pela Vigilância Sanitária – pois até hoje não era possível saber que alimentos continham ou não a gordura trans. "A rotulagem serve como um alerta para que possamos identificar se esse tipo de gordura está presente nos alimentos e tentar não consumi-lo; se não for possível abolir, que seja consumido com moderação", afirma o dr. Raul. Mas, cada um de nós tem que fazer a sua parte. "Ainda falta o hábito de ler a rotulagem dos alimentos. É preciso incentivar isso", chama a atenção a nutricionista Luci Uzelin, do HIAE .
O ácido graxo transverso foi introduzido pela indústria alimentícia nas margarinas. Hoje, muitas marcas abandonaram esse ingrediente. Mas a gordura acabou sendo muito utilizada em receitas de padarias industriais, em frituras, como os salgadinhos de pacote. "Se você for a um restaurante fast-food ou comer um pastel, por exemplo, provavelmente a fritura será feita com gordura vegetal hidrogenada, que indica gordura trans", alerta o Dr. Raul.
Confira os alimentos que podem apresentar gordura trans:
- alimentos de fast-food
- biscoitos (todos, incluindo os tipo de água e sal)
- margarina (as mais duras e amareladas)
- maionese
- pipoca de microondas
- massas folhadas
- bolo industrializado
- sorvete de massa
- batata frita e outras frituras
- salgadinhos de pacote
- sopas e cremes industrializados
- pratos congelados
- chocolate em barra e bombons
Sempre suspeite dos alimentos citados acima e preste atenção: se você encontrar, no rótulo de algum produto, a indicação de gordura hidrogenada ou parcialmente hidrogenada, óleo vegetal hidrogenado ou parcialmente hidrogenado, certamente há gordura trans em sua composição. "Quando não tem trans, o fabricante faz questão de avisar", diz o dr. Raul.
Como evitar
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que a ingestão de gordura trans não ultrapasse 1% do valor calórico da dieta. Isso significa que se um adulto consome duas mil calorias diárias, sua ingestão de trans não deve ultrapassar 2g. "Nada é proibido, mas ingira com cautela os alimentos ricos nesse tipo de gordura; caso contrário, você pagará o preço com sua saúde", avisa o médico.
O melhor é que já existem substitutos para a gordura trans. "Um processo chamado 'interesterificação' solidifica os óleos vegetais, sem que eles tenham que ser hidrogenados. Porém, ainda são poucos os alimentos produzidos por esse processo", informa a dra. Luci. Alguns ácidos graxos extraídos do óleo de palma também são bons substitutos da trans.
Em casa, ao preparar alguma fritura, prefira sempre os óleos de soja, milho ou canola, muito mais saudáveis. E tome cuidado ao substituir margarina por manteiga. Apesar de ter baixa concentração de ácido graxo trans, a manteiga é riquíssima em gordura saturada e, por isso, seu consumo deve ser moderado. O melhor é procurar margarinas livres de trans.Segundo a nutricionista, outra solução pode ser a escolha de alimentos mais naturais e preparações caseiras. "Desde que não sejam elaboradas com ingredientes que contenham a gordura trans (como algumas margarinas) ou gordura hidrogenada", avisa.
Postado por: Graziela Cervilla Toce
Fonte: Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einsten
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