sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Estratégia nutricional para atletas vegetarianos


Já existe o consenso entre as organizações de saúde internacionais, como a American Dietetic Association (ADA), que a alimentação vegetariana pode ser planejada para atender às necessidades nutricionais durante todos os estágios da vida: primeira infância, infância, adolescência e fase adulta, assim como para gestantes e lactantes, idosa e também para atletas. A dieta vegetariana costuma apresentar maiores quantidades de cereais integrais, castanhas, frutas, legumes e verduras quando comparada a uma dieta onívora. Veja os nutrientes merecem atenção no manejo à dieta do esportista vegetariano:

Ferro: Um bom status de ferro é essencial para todo praticante de atividade física e atleta. O ferro heme, presente em alimentos de origem animal, preserva uma absorção que varia de 15% a 35%; já o ferro não heme, presente nos alimentos vegetais, entre 2 e 20%. Estudos indicam que diferentemente do raciocínio comum, dietas vegetarianas contêm maiores quantidades de ferro do que dietas onívoras. No entanto, existem fatores que devem ser levados em consideração, como a presença de fitatos, que inibem a absorção do ferro não heme; e a vitamina C e outros ácidos orgânicos que potencializam essa absorção. A atenção ao ferro dietético é idêntica para onívoros e vegetarianos.

Zinco: O zinco também é encontrado facilmente na alimentação vegetariana, mas a biodisponibilidade pode ser afetada por diversos fatores. Existem recomendações para que os veganos (pessoas que não consomem nenhum produto de origem animal – carnes, ovos, leite e derivados) tenham uma ingestão de zinco 50% maior do que a recomendação atual. Ao mesmo tempo, os estudos populacionais não revelam prevalência documentada maior da deficiência clínica em vegetarianos.

Vitamina B12: Uma alimentação ovolactovegetariana (pessoas que consomem ovo e leite) pode oferecer as quantidades necessárias de vitamina B12, no entanto, na alimentação vegana, sem a presença de alimentos enriquecidos, deve haver suplementação. Porém, em ambos os casos, os níveis de B12 devem ser avaliados. Lembrando que devido a particularidades do metabolismo da B12, a prevalência de deficiência desta vitamina em onívoros também é elevada e, no Brasil, sua deficiência acomete mais de 50% da população onívora.

Cálcio: O cálcio presente nos vegetais, sementes e certas oleaginosas possui ótima biodisponibilidade, portanto, alcançar as recomendações de cálcio para um atleta vegetariano deixa de ser uma preocupação. Neste momento, a ciência da nutrição se conecta com a gastronomia para, além de termos um prato rico em cálcio, também, fornecermos um bom perfil de aminoácidos e ácidos graxos, assim como um sabor inovador e fascinante.

Outros ajustes nos macronutrientes dependem da modalidade esportiva escolhida e o ritmo de treinos. É importante adequar as quantidades de carboidratos, gorduras e proteínas sempre visando ao desempenho e saúde do atleta. A melhora do desempenho, recuperação pós-treino, imunidade, disposição, qualidade do sono, saúde emocional e vitalidade estão entre alguns dos relatos importantes que fazem aumentar cada vez mais o número de esportistas vegetarianos.



Por: Thayná Galvão



FONTES:
ADA: Position of the American Dietetic Association: Vegetarian Diets. J Am Diet Assoc. 2009;109: 1266-1282.
Fuhrman J, Ferreri DM. Fueling the vegetarian (vegan) athlete. Curr Sports Med Rep. 2010;9(4):233-41.
Couceiro P, Slywitch E, Lenz F. Padrão alimentar da dieta vegetariana. Einstein 2008;6 (3):365-373.
SVB. Guia alimentar de dietas vegetarianas para adultos. 2012.
Venderley AM, Campbell WW. Vegetarian diets: nutritional considerations for athletes. Sports Med. 2006;36(4):293-305.

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