quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Nutrição e Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV): Como as Intervenções Nutricionais Podem Ajudar


    


    A Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV) é uma resposta imunológica anormal às proteínas do leite de vaca, sendo uma das alergias alimentares mais comuns, especialmente em crianças pequenas. Estima-se que cerca de 2% a 3% das crianças menores de três anos são afetadas por essa condição, o que a torna um problema relevante em termos de saúde pública. O diagnóstico precoce e o manejo nutricional adequado são fundamentais para evitar complicações, como desnutrição e desenvolvimento inadequado.

    A principal intervenção no manejo da APLV é a exclusão total do leite de vaca e seus derivados da dieta. Isso inclui não apenas os produtos óbvios, como leite, queijos e iogurtes, mas também aqueles que podem conter proteínas do leite de vaca de forma oculta, como pães, biscoitos e até alguns medicamentos. A exclusão rigorosa dos laticínios, embora essencial, pode levar a desafios nutricionais significativos, como a deficiência de cálcio e vitamina D, nutrientes fundamentais para o desenvolvimento ósseo, especialmente em crianças.

Intervenções Nutricionais

Para garantir que pacientes com APLV mantenham uma dieta equilibrada, várias intervenções nutricionais podem ser implementadas:


1. Substitutos do Leite de Vaca: A primeira opção para crianças com APLV é o uso de fórmulas infantis especializadas. Existem três tipos principais de fórmulas: fórmulas extensamente hidrolisadas, fórmulas à base de aminoácidos e fórmulas à base de soja (para crianças acima de seis meses). Essas fórmulas são projetadas para serem nutricionalmente completas, ao mesmo tempo em que eliminam o risco de reações alérgicas às proteínas do leite de vaca. Para crianças mais velhas e adultos, leites vegetais, como os de arroz, amêndoa ou aveia, podem ser usados como substitutos, desde que sejam enriquecidos com cálcio e vitamina D.


2. Planejamento Alimentar: Um planejamento alimentar personalizado é crucial para garantir que todas as necessidades nutricionais sejam atendidas. A dieta deve ser rica em alimentos que forneçam cálcio, como vegetais verde-escuros (brócolis, couve), peixes com ossos comestíveis (sardinha) e leguminosas. Além disso, é importante incluir fontes adequadas de proteínas, como carnes magras, ovos e leguminosas, para substituir as proteínas do leite de vaca.


3. Suplementação: Em alguns casos, pode ser necessário suplementar cálcio e vitamina D para evitar deficiências. Para suplementação será avaliado as necessidades específicas do paciente com base em sua idade, nível de exposição ao sol e outros fatores.

Considerações Práticas

Pacientes com APLV e seus familiares devem estar bem informados sobre a leitura de rótulos de alimentos para evitar o consumo inadvertido de produtos que contenham proteínas do leite de vaca. Isso inclui identificar termos como caseína, soro de leite, lactose e outros derivados do leite. Além disso, é essencial evitar a contaminação cruzada, que pode ocorrer quando utensílios ou superfícies são usados para preparar alimentos com e sem leite.


O acompanhamento multidisciplinar, envolvendo nutricionistas, alergologistas e pediatras, é fundamental para garantir que o manejo da APLV seja feito de forma segura e eficaz. Esse acompanhamento contínuo ajuda a ajustar a dieta conforme necessário e a monitorar o crescimento e o desenvolvimento da criança, garantindo que ela esteja recebendo todos os nutrientes de que precisa.

Conclusão

A adesão rigorosa à dieta de exclusão é a principal forma de prevenir reações alérgicas em pacientes com APLV, ao mesmo tempo em que se garante uma nutrição adequada. A educação dos pais e cuidadores, bem como o suporte contínuo de profissionais de saúde, são cruciais para o sucesso do manejo dessa condição. Com as intervenções nutricionais corretas, é possível proporcionar uma dieta balanceada e segura, que permita um crescimento e desenvolvimento saudáveis, mesmo na presença de APLV.

Referências

1. Barroso, M. A. M., Mendes, M. B., & Rocha, J. M. (2023). Manejo nutricional na alergia à proteína do leite de vaca em crianças: Revisão de literatura. Revista de Nutrição Clínica e Dietética.

2. GUIMARÃES, Aline Brito Oliveira et al. Alergia à proteína do leite de vaca e seus desafios. In: ALERGIA E IMUNOLOGIA: ABORDAGENS CLÍNICAS E PREVENÇÕES. Editora Científica Digital, 2021. p. 200-207.Dísponivel em: https://www.editoracientifica.com.br/books/chapter/alergia-a-proteina-do-leite-de-vaca-e-seus-desafios Acesso 29 de agosto de 2024

3. Fiquene, L. P., Silva, H. M., Petitinga, K. M. E. dos S., Tanuri, E. B., & Vieira, C. C. L. dos R. (2024). ALERGIA À PROTEÍNA DO LEITE DE VACA: UMA REVISÃO DE LITERATURA. Revista Ibero-Americana De Humanidades, Ciências E Educação10(4), 2704–2710. https://doi.org/10.51891/rease.v10i4.13656


Estagiária: Stefany Nunes

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