sábado, 13 de agosto de 2011

Flavonóides e Doenças cardiovasculares




Os flavonóides são uma classe de compostos fenólicos que diferem entre si pela sua estrutura química e características particulares. Frutas, vegetais, grãos, flores, chá e vinho são exemplos de fontes destes compostos.

Várias propriedades terapêuticas dos flavonóides têm sido estudadas nas últimas décadas, destacando-se o potencial antioxidante, anticarcinogênico e seus efeitos protetores aos sistemas renal, cardiovascular e hepático.

As doenças cardiovasculares destacam-se, nos dias atuais, como a mais freqüente causa de óbito. A patogenia mais encontrada das doenças cardiovasculares é, indiscutivelmente, a aterosclerose coronária, que pode acometer inclusive pacientes jovens.

A incidência de coronariopatia é, em geral, dependente da prevalência de seus fatores de risco. Quanto maior a presença de fatores de risco para a aterosclerose, maior a probabilidade de incidir uma coronariopatia. A aterosclerose é uma doença multifatorial que se inicia na infância, entre 5 e 10 anos de idade, e se desenvolve ao longo dos anos. Dentre os fatores de risco mais freqüentes estão a hipercolesterolemia, o hábito de fumar, a hipertensão arterial (HA), a hipertrigliceridemia, o excesso de peso e a história familiar de cardiopatia isquêmica.

A uva, o vinho e os produtos derivados da uva contêm grande quantidade de componentes fenólicos que agem como antioxidantes. Eficácia dos flavonóides da uva, consumo desses flavonóides está associado ao risco reduzido de eventos coronários, e a ingestão de produtos da uva, incluindo vinho tinto e suco de uva roxa, inibe a agregação plaquetária. Em pacientes com Doença Arterial Coronariana estas bebidas mostraram um efeito antioxidante potente, pois melhoraram a função endotelial, induziram a vasodilatação dos vasos arteriais e inibiram a oxidação do colesterol LDL. Essas propriedades antioxidantes são atribuídas à presença dos polifenóis na casca e sementes da uva.

O vinho tinto tem recebido atenção especial devido a seus componentes fenólicos inibirem fortemente a oxidação do colesterol LDL in vitro. Como a oxidação deste lipídio tem papel  importante no desenvolvimento da doença cardiovascular aterosclerótica. O consumo moderado do vinho tinto foi associado à redução na incidência de eventos cardiovasculares, pois seus componentes, os flavonóides, estão implicados nos benefícios cardiovasculares devido a sua habilidade em inibir a função plaquetária.

O suco de uva também é um antioxidante poderoso, mas existem controvérsias quanto a sua eficácia. Os efeitos antioxidantes foram demonstrados in vitro, onde ocorreu redução da oxidação do colesterol LDL e melhora do fluxo médio de vasodilatação (FMD) em pacientes com Doença Arterial Coronariana.
Os flavonóides presentes no suco de uva, como a catequina, epicatequina, quercetina e antocianinas, são fontes ricas de antioxidantes, e estudos in vitro mostraram atividade eficaz na inibição do colesterol LDL

A capacidade de inibição da oxidação do colesterol LDL pela atividade antioxidante do vinho tinto e do suco de uva foi testada em um estudo randomizado in vitro com 20 homens saudáveis, com idade média de 56 anos, no qual a oxidação catalítica do colesterol LDL foi determinada na presença de vinho tinto, suco de uva e outras bebidas alcoólicas. Suco de uva e vinho tinto inibiram significativamente a oxidação do colesterol LDL in vitro. O mesmo experimento in vivo contou com a participação de 20 voluntários (8 homens e 12 mulheres) com idade média de 29 anos, que consumiram vinho tinto (300 ml), suco de uva (300 ml) em 30 a 45 minutos; amostras de sangue foram coletadas antes e depois da ingestão destas bebidas. A atividade antioxidante foi significativa na inibição da oxidação do LDL-C com vinho tinto, mas não com suco de uva, embora o conteúdo de flavonóides fosse maior nesta bebida. Os autores concluem que o efeito antioxidante do vinho tinto e do suco de uva in vitro foi associado à abundância de flavonóides destas bebidas. In vivo isto foi demonstrado com o vinho tinto, mas não com o suco de uva. Estes pesquisadores sugerem que os flavonóides do vinho tinto são melhor absorvidos no intestino do que os do suco de uva.

As organizações oficiais manifestam-se de forma cautelosa sobre o assunto. Segundo a AHA (American Heart Association, disponível em ) o consumo moderado de vinho está associado com a redução de doenças cardiovasculares, recomendando duas doses por dia para homens e uma dose por dia para mulheres. Estas recomendações equivalem a 90-120ml por dia de vinho, que deve ser consumido com uma refeição. Ressaltam que a bebida alcoólica não deve ser usada como prevenção única, pois pode desencadear outras doenças, assim recomenda-se antes de iniciar qualquer alteração a dieta, devemos consultar um profissional da saúde especializado.


Postado por: Bruno Garbini e Danielle Loverri


Fontes consultadas: 


ZOFFI R.S.G; ZIELINSKY P. Fatores de Risco de Aterosclerose na Infância. Um Estudo Epidemiológico. Porto Alegre, RS Arq Bras Cardiol, volume 69 (nº 4), 231-236, 1997


GIEH M.R. et al. Eficácia dos flavonóides da uva, vinho tinto e suco de uva tinto na prevenção e no tratamento secundário da aterosclerose. Scientia Medica, Porto Alegre, v. 17, n. 3, p. 145-155, jul./set. 2007

BEHLIN E.B. et al. FLAVONÓIDE QUERCETINA: ASPECTOS GERAIS E AÇÕES BIOLÓGICAS. Alim. Nutr., Araraquara, v. 15, n. 3, p. 285-292, 2004

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