A anemia por
deficiência de ferro (anemia ferropriva) é considerada, desde a década de 50, um
problema de saúde pública. E ainda hoje, a doença tem ocorrência elevada e
encontra-se entre as mais graves deficiências nutricionais no mundo.
As práticas
alimentares exercem um importante papel no desenvolvimento da doença, como:
consumo insuficiente de ferro, consumo inadequado de vitaminas que auxiliam na
absorção, e consumo simultâneo com ferro de substâncias que diminuem sua absorção,
como o cálcio e ácido fítico.
Uma dieta
desequilibrada por um longo prazo pode tanto favorecer o aparecimento da anemia
ferropriva quanto de outras doenças, como a obesidade, possibilitando a existência
das duas ao mesmo tempo, sendo conhecida como “dupla carga de problemas nutricionais”.
Entretanto, descobertas recentes relataram que a obesidade propriamente dita, e
não só a dieta, poderia ser o fator que levaria ao desenvolvimento da anemia
ferropriva.
No início da
década de 2000, foi descoberta a hepcidina, uma pequena proteína sintetizada
principalmente nas células do fígado, importante para o equilíbrio do ferro. A hepcidina
regula a saída de ferro dos macrófagos (célula de defesa) e das células do
intestino. Durante infecções e inflamações, ocorre o aumento dessa proteína,
que gera um acúmulo de ferro dentro dessas células, reduzindo a concentração de
ferro circulante.
Uma vez que a
obesidade leva ao constante aumento da atividade inflamatória do organismo, é
possível que a adiposidade em excesso possa predispor ao aparecimento da
anemia, conhecida neste caso, como “Anemia da Doença Crônica”.
É importante
considerar que a presença da anemia ferropriva em obesos, além de trazer os
prejuízos próprios da doença, pode favorecer o agravamento da própria
obesidade. Isso porque a baixa concentração de ferro no sangue dimunui a
produção de hemoglobina (proteína transportadora de oxigênio), levando à
redução da resistência aos esforços físicos e a prejuízos na função muscular.
Consequentemente, o indivíduo com anemia, torna-se menos ativo, favorecendo o
sedentarismo.
Ao longo dos
últimos anos, tem sido evidente que a relação entre a anemia e a obesidade é
bem mais complexa do que se poderia imaginar. A obesidade tanto pode favorecer
o aparecimento da anemia ferropriva, quanto pode ser causada por ela, sendo a alimentação
saudável capaz de prevenir, tanto as doenças causadas por deficiências nutricionais
quanto aquelas causadas por excessos.
Postado por Letícia Andrade e Vivian Giubine
Referência
BAGNI, U. V.; VEIGA, G. V. Anemia ferropriva e obesidade:
novos olhares para antigos problemas. Nutrire:
rev. Soc. Bras. Alim. Nutr. J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v.
36, n. 1, p. 177-188, abr. 2011.
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