Vitamina
B1 (tiamina)
Beribéri:
doença ligada à descoberta do complexo B
O beribéri é uma doença conhecida desde o
Antigo Oriente. Relatos da história médica chinesa, filipina e japonesa
mencionam certos procedimentos terapêuticos aplicados contra esta disfunção
carencial. Só na Idade Contemporânea, entretanto, foi descoberta a relação
entre determinado déficit alimentar e o beribéri, acontecimento que marca a
descoberta das vitaminas e o progresso da ciência da nutrição.
Em 1880, Takaki, oficial da marinha japonesa,
estabeleceu uma relação muito clara entre a alimentação dos marinheiros e a
incidência de beribéri entre eles, que se tornara catastrófica com a adoção de
alimentos refinados. Em 1897, em Java, Eijkman, físico alemão, fez uma
observação interessante: numa penitenciária local, os frangos alimentados com
restos de arroz polido das refeições dos prisioneiros desenvolviam disfunções
similares às do beribéri.
Acrescentando
farelo de arroz à ração das aves, Eijkman notou que em pouco tempo a doença era
completamente curada. Esta importante descoberta, no entanto, não despertou o
interesse da classe médica da época, permanecendo vários anos sem qualquer
reconhecimento. Em 1911, Funk retomou os trabalhos originais e descobriu no
córtex do arroz, perdido durante o polimento, uma substância vital que atuava
contra o beribéri, identificada como vitamina B. Mais tarde distinguiram-se
vários componentes do complexo B, entre os quais um fator antiberibéri: a
vitamina B1, ou tiamina.
Vitamina
B1 ou tiamina
Em 1926, Yansen e Donath obtiveram a tiamina
na forma cristali¬zada; em 1926, foi sintetizada por R. Willians, tendo sido
definida sua fórmula química. O prefixo tia em tiamina designa a presença de
enxofre em um grupo amino da molécula.
O
organismo não é capaz de armazenar bastante tiamina, devendo a dieta fornecê-la
prontamente.
Funções
metabólicas básicas
A
tiamina encontra-se intimamente associada ao metabolismo energético. Combinada
ao fósforo, forma a coenzima tiamina pirofosfato (TPP), que funciona como
auxiliar de uma carboxilase. A descarboxilação oxidativa do ácido pirúvico
requer o TPP para formar o acido acético e a acetilcoenzima A, principal
componente do ciclo de Krebs. A síntese de pentoses, como a ribose, presente
nos ácidos nucléicos, necessita também de TPP como coenzima da transcetolase.
Sintomas
de carência
-
O beribéri é resultado da deficiência severa de tiamina. Ocorrem vários
distúrbios no sistema nervoso, como a degeneração da bainha de mielina das
fibras nervosas, instalando-se a polineurite, com diminuição da resposta
reflexa. Se não houver administração da vitamina em tempo hábil, o doente pode
desenvolver paralisia e séria atrofia muscular, chegando à morte.
-
Todo o sistema cardiovascular pode ser atingido pela deficiência de tiamina, a
ponto de ocorrer falência do coração em resultado de progressiva debilitação do
músculo cardíaco. Além disso, surge edema nas extremidades e vasodilatação
periférica.
- Sintomas gastrintestinais,
como má digestão, constipação, atonia gástrica, hipocloridria e diminuição do
apetite.
Hipervitaminose
Não
foram registrados efeitos tóxicos da tiamina quando ingerida através dos
alimentos. Quando administrada por via parenteral (inje¬ção), entretanto, na
forma de cloridrato de tiamina, pode produzir reações tóxicas quando em dose
elevada, como o choque anafilático e a morte súbita.
Necessidades
nutricionais
Como
vimos, a necessidade de tiamina está intimamente ligada ao gasto energético do
indivíduo, particularmente ao metabolismo dos carboidratos.
-
Para adultos normais, a FAO/OMS recomenda 0,4 miligrama de tiamina para cada
1.000 kcal requeridas; as RDA indicam 0,5 mg/1.000 kcal.
-
Na gravidez, recomendam-se 0,5 mg/1.000 kcal no primeiro trimestre, e 0,6
mg/1.000 kcal no último trimestre. Recomenda-se, simplificadamente, um aumento
de 0,3 miligrama acima dos valores normais para gestantes e nutrizes.
-
Os valores indicados para crianças são iguais aos dos adultos, isto é, as
proporções de tiamina por calorias ingeridas.
- Os idosos devem ingerir 1
miligrama de tiamina por dia, mesmo que a ingestão calórica seja inferior a
2.000 kcal, dada a utilização menos eficiente desta vitamina.
Antivitamina
B1
A tiaminase, enzima presente
em alimentos como crustáceos e peixes, é capaz de destruir cerca de 50% da
tiamina. A couve crua também contém esta antivitamina.
Boas
fontes alimentares
Da
linha lacto-ovo-vegetariano-naturista de dieta, os cereais integrais, as
leguminosas, a levedura de cerveja, o germe de trigo e a gema de ovo são
exemplos de boas fontes alimentares de vitamina B1. Quase todos os alimentos
naturais fornecem-na em maior ou menor teor. Os laticínios não são boa fonte de
tiamina.
O
anticoncepcional oral prejudica o aproveitamento orgânico da vitamina B1.
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