terça-feira, 13 de setembro de 2011

Anorexia Nervosa




A incidência de transtornos alimentares praticamente dobrou nestes últimos 20 anos.

O aumento da incidência coincide com a ênfase na magreza feminina (já que na maioria dos casos acomete mulheres) como uma expressão de atração sexual. Atualmente a sociedade valoriza a atratividade e a magreza em particular, fazendo da obesidade uma condição altamente estigmatizada e rejeitada. A associação da beleza, sucesso e felicidade com um corpo magro tem levado as pessoas à prática de dietas abusivas e de outras formas não saudáveis de regular o peso.

Anorexia nervosa é uma desordem caracterizada por uma imagem distorcida do próprio corpo e um medo mórbido de engordar, o que leva à recusa por manter um peso minimamente normal. Anorexia significa "falta de apetite", mas, na realidade, ocorre uma negação consciente para se alimentar e com o transcorrer do tempo, a falta de apetite se concretiza. Os anoréxicos fazem de tudo para anular seu apetite e conseqüentemente emagrecerem, e quanto mais emagrecem, mais se sentem gordos, desenvolvendo um ciclo vicioso que pode ser fatal. 

Acredita-se atualmente que características biológicas, psicológicas, familiares e socioculturais são fatores que interagem na determinação da manifestação de anorexia nervosa. 

Dentre as características biológicas, devemos considerar os fatores genéticos. A incidência de anorexia nervosa em irmãs de pacientes com o transtorno é de 6%, aproximadamente seis vezes maior do que os valores mais altos encontrados em estudos populacionais. 

Em relação às características psicológicas, a descrição comumente encontrada é a de indivíduos frustrados, insatisfeitos e raivosos, que se sentem incapazes de condenar os “cuidados” pelas suas insatisfações. Ao contrário, acreditam que as suas próprias necessidades é que são inadequadas e devem ser negadas. 

Sintomas comuns:

Contagem obsessiva de calorias;

Saltar refeições;

Brincar com a comida no prato em vez de comer;

Esconder comida (num guardanapo, debaixo de uma travessa, etc.) para evitar comê-la;

Mentir quanto a já ter comido, numa tentativa de evitar uma refeição;

Ingerir apenas um determinado tipo de comida;

Fazer exercício em excesso, particularmente depois de uma refeição, ou “para abrir o apetite”;

Perda dramática de peso;

Excessivo interesse em questões relacionadas com peso, imagem corporal e jejum;

Vestir (para esconder o corpo) roupa larga ou disforme;

Baixos níveis de energia;

Doenças frequentes;

Sono excessivo;

Reduzido ou inexistente apetite sexual.


Complicações médicas

Desnutrição e desidratação;

Hipotensão (diminuição da pressão arterial);

Anemia;

Redução da massa muscular;

Intolerância ao frio;

Motilidade gástrica diminuída;

Amenorréia (parada do ciclo menstrual);

Osteoporose (rarefação e fraqueza óssea);

Infertilidade em casos crônicos;

Maior propensão a infecções por comprometimento do sistema imunológico.



Tratamento

Dentro da equipe multidisciplinar que deve tratar do paciente com transtornos alimentares, o nutricionista é capacitado para propor modificações do consumo, padrão e comportamento alimentares, aspectos estes que estão profundamente alterados.

As metas do tratamento nutricional na anorexia nervosa envolvem o restabelecimento do peso, normalização do padrão alimentar, da percepção de fome e saciedade e correção das seqüelas biológicas e psicológicas da desnutrição.

O tratamento nutricional normalmente é dividido em duas etapas, educacional e experimental (em casos mais graves, tratamento hospitalar é indicado). Onde é realizada uma detalhada anamnese acerca dos hábitos alimentares do paciente e histórico da doença. 

A educação nutricional abrange conceitos de alimentação saudável, tipos, funções e fontes dos nutrientes, recomendações nutricionais, conseqüências da restrição alimentar e das purgações. 

Na fase experimental, trabalha-se mais intensamente a relação que o paciente tem com os alimentos e o seu corpo, ajudando-o a identificar os significados que o corpo e a alimentação possuem. 

Uma das “táticas” no tratamento nutricional nos pacientes com transtornos alimentares é o uso do diário alimentar, que é um instrumento de automonitoração, onde o paciente registra quais alimentos foram consumidos e a quantidade, os horários e locais das refeições, a ocorrência de compulsões e purgações, a companhia durante as refeições, os sentimentos associados e uma "nota" para o quanto de fome estava sentindo antes de alimentar-se e o quanto de saciedade ele obteve com aquela ingestão. Esse registro faz com que o paciente adquira maior consciência sobre diversos aspectos da sua doença e constantemente exerça disciplina e controle. 

O tratamento nutricional visa à promoção de hábitos alimentares saudáveis, a cessação de comportamentos inadequados (como a restrição, a compulsão e a purgação) e a melhora na relação do paciente para com o alimento e o corpo. 

A participação do profissional da nutrição no tratamento dos transtornos alimentares é fundamental, já que essas doenças implicam em alterações profundas no consumo, padrão e comportamento alimentares. 


Postado por Danielle Loverri.

Fontes consultadas: 

MORGAN, C.M. et al. Etiologia dos transtornos alimentares: aspectos biológicos, psicológicos e sócio-culturais. Rev. Bras. Psiquiatr. vol.24 suppl.3 São Paulo. 2002

APPOLINÁRIO, J. C. e CLAUDINO, A. M. Transtornos alimentares. Rev. Bras. Psiquiatr. vol.22. São Paulo. 2000.

FLEITLICH, B.W. et al. Anorexia nervosa na adolescência. Jornal de Pediatria - Vol. 76, Supl.3. Rio de Janeiro. 2000.

LATTERZA, A. R. et al. Tratamento nutricional dos transtornos alimentares. Rev. psiquiatr. clín. vol.31 no.4. São Paulo. 2004.

http://emedix.uol.com.br/com/distal/psi014_1g_anorexia.php

http://www.alimentacaosaudavel.org/Anorexia-Nervosa.html

http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?138

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