A incidência de transtornos alimentares praticamente dobrou nestes últimos 20 anos.
O aumento da incidência coincide com a ênfase na magreza feminina (já que na maioria dos casos acomete mulheres) como uma expressão de atração sexual. Atualmente a sociedade valoriza a atratividade e a magreza em particular, fazendo da obesidade uma condição altamente estigmatizada e rejeitada. A associação da beleza, sucesso e felicidade com um corpo magro tem levado as pessoas à prática de dietas abusivas e de outras formas não saudáveis de regular o peso.
Anorexia nervosa é uma desordem caracterizada por uma imagem distorcida do próprio corpo e um medo mórbido de engordar, o que leva à recusa por manter um peso minimamente normal. Anorexia significa "falta de apetite", mas, na realidade, ocorre uma negação consciente para se alimentar e com o transcorrer do tempo, a falta de apetite se concretiza. Os anoréxicos fazem de tudo para anular seu apetite e conseqüentemente emagrecerem, e quanto mais emagrecem, mais se sentem gordos, desenvolvendo um ciclo vicioso que pode ser fatal.
Acredita-se atualmente que características biológicas, psicológicas, familiares e socioculturais são fatores que interagem na determinação da manifestação de anorexia nervosa.
Dentre as características biológicas, devemos considerar os fatores genéticos. A incidência de anorexia nervosa em irmãs de pacientes com o transtorno é de 6%, aproximadamente seis vezes maior do que os valores mais altos encontrados em estudos populacionais.
Em relação às características psicológicas, a descrição comumente encontrada é a de indivíduos frustrados, insatisfeitos e raivosos, que se sentem incapazes de condenar os “cuidados” pelas suas insatisfações. Ao contrário, acreditam que as suas próprias necessidades é que são inadequadas e devem ser negadas.
Contagem obsessiva de calorias;
Saltar refeições;
Brincar com a comida no prato em vez de comer;
Esconder comida (num guardanapo, debaixo de uma travessa, etc.) para evitar comê-la;
Mentir quanto a já ter comido, numa tentativa de evitar uma refeição;
Ingerir apenas um determinado tipo de comida;
Fazer exercício em excesso, particularmente depois de uma refeição, ou “para abrir o apetite”;
Perda dramática de peso;
Excessivo interesse em questões relacionadas com peso, imagem corporal e jejum;
Vestir (para esconder o corpo) roupa larga ou disforme;
Baixos níveis de energia;
Doenças frequentes;
Sono excessivo;
Reduzido ou inexistente apetite sexual.
Complicações médicas
Desnutrição e desidratação;
Hipotensão (diminuição da pressão arterial);
Anemia;
Redução da massa muscular;
Intolerância ao frio;
Motilidade gástrica diminuída;
Amenorréia (parada do ciclo menstrual);
Osteoporose (rarefação e fraqueza óssea);
Infertilidade em casos crônicos;
Maior propensão a infecções por comprometimento do sistema imunológico.
Tratamento
Dentro da equipe multidisciplinar que deve tratar do paciente com transtornos alimentares, o nutricionista é capacitado para propor modificações do consumo, padrão e comportamento alimentares, aspectos estes que estão profundamente alterados.
As metas do tratamento nutricional na anorexia nervosa envolvem o restabelecimento do peso, normalização do padrão alimentar, da percepção de fome e saciedade e correção das seqüelas biológicas e psicológicas da desnutrição.
O tratamento nutricional normalmente é dividido em duas etapas, educacional e experimental (em casos mais graves, tratamento hospitalar é indicado). Onde é realizada uma detalhada anamnese acerca dos hábitos alimentares do paciente e histórico da doença.
A educação nutricional abrange conceitos de alimentação saudável, tipos, funções e fontes dos nutrientes, recomendações nutricionais, conseqüências da restrição alimentar e das purgações.
Na fase experimental, trabalha-se mais intensamente a relação que o paciente tem com os alimentos e o seu corpo, ajudando-o a identificar os significados que o corpo e a alimentação possuem.
Uma das “táticas” no tratamento nutricional nos pacientes com transtornos alimentares é o uso do diário alimentar, que é um instrumento de automonitoração, onde o paciente registra quais alimentos foram consumidos e a quantidade, os horários e locais das refeições, a ocorrência de compulsões e purgações, a companhia durante as refeições, os sentimentos associados e uma "nota" para o quanto de fome estava sentindo antes de alimentar-se e o quanto de saciedade ele obteve com aquela ingestão. Esse registro faz com que o paciente adquira maior consciência sobre diversos aspectos da sua doença e constantemente exerça disciplina e controle.
O tratamento nutricional visa à promoção de hábitos alimentares saudáveis, a cessação de comportamentos inadequados (como a restrição, a compulsão e a purgação) e a melhora na relação do paciente para com o alimento e o corpo.
A participação do profissional da nutrição no tratamento dos transtornos alimentares é fundamental, já que essas doenças implicam em alterações profundas no consumo, padrão e comportamento alimentares.
Postado por Danielle Loverri.
Fontes consultadas:
MORGAN, C.M. et al. Etiologia dos transtornos alimentares: aspectos biológicos, psicológicos e sócio-culturais. Rev. Bras. Psiquiatr. vol.24 suppl.3 São Paulo. 2002
APPOLINÁRIO, J. C. e CLAUDINO, A. M. Transtornos alimentares. Rev. Bras. Psiquiatr. vol.22. São Paulo. 2000.
FLEITLICH, B.W. et al. Anorexia nervosa na adolescência. Jornal de Pediatria - Vol. 76, Supl.3. Rio de Janeiro. 2000.
LATTERZA, A. R. et al. Tratamento nutricional dos transtornos alimentares. Rev. psiquiatr. clín. vol.31 no.4. São Paulo. 2004.
http://emedix.uol.com.br/com/distal/psi014_1g_anorexia.php
http://www.alimentacaosaudavel.org/Anorexia-Nervosa.html
http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?138
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