quinta-feira, 21 de março de 2013

Educação alimentar e hábitos alimentares


             A educação alimentar é algo bastante complexo, é um processo que envolve a mudança dos hábitos alimentares através do aprendizado do que é saudável. Porém, a formação dos hábitos alimentares envolve diversos aspectos, desde a infância até a vida adulta.
            A história da evolução humana está diretamente ligada à alimentação. Entre todas as espécies existentes na natureza, o ser humano é a que possui a alimentação mais rica e variada. Primeiramente, sua sobrevivência se baseou na capacidade de ingerir o que havia à disposição em seu habitat. Mais tarde, a descoberta dos processos de cozimento enriqueceu e ampliou o cardápio, permitindo o desenvolvimento de culinárias próprias e regionais. A necessidade biológica de alimentar-se para sobreviver e garantir a continuidade da espécie adquiriu então caráter cultural.
            O consumo alimentar em diferentes grupos sociais, se associa com as características demográficas do local e do estilo de vida das pessoas. Além disso, o uso de certos alimentos é ditado por regras sociais diversas, carregadas de significados. Apreender e compreender a especificidade cultural dessas regras sociais é muito importante para quem quer fazer uma reeducação alimentar.
            O alimento é algo representado, ou seja, apreendido com significado cognitivo. Portanto, o comer não satisfaz apenas a necessidade biológica, mas preenche também funções simbólicas, sociais, emocionais e culturais.
            O caráter simbólico do alimento também se diferencia com a idade, situação social e outras variáveis. Em todas as faixas etárias, encontra-se uma alimentação entendida como apropriada, que varia de acordo com sexo e papéis sociais. Portanto, existe um processo de socialização que procura mostrar o comportamento alimentar mais apropriado para os diferentes grupos da sociedade.
            Alguns hábitos são passados de geração a geração, outros vão sendo adaptados de acordo com as mudanças na sociedade. Por exemplo, a inserção da mulher no mercado de trabalho tem influenciado o padrão alimentar dos brasileiros, quando da substituição de preparações com maior tempo de confecção por refeições prontas ou semiprontas.
        A cultura sempre foi um elemento orientador das opções dietéticas. A abordagem cultural transforma a nutrição não somente em um processo químico-biológico, mas também em uma forma de comunicação que contém as raízes de cada povo, suas forças sagradas e seu simbolismo.
            A manutenção das práticas alimentares tradicionais e a gastronomia típica aproximam os seres humanos, inserindo-os no contexto de sua territorialidade e identidade cultural.
          Apesar de todas essas influências culturais e sociais nos hábitos alimentares, é possível fazer uma educação alimentar, de modo que o saudável e o cultural caminhem juntos. Vale lembrar também que o Brasil é um país que possui clima privilegiado, que resulta em uma variedade enorme de alimentos.

Postado por: Luana Caldarelli

Referência:
RAMALHO, R. A.; SAUNDERS, C. O papel da educação nutricional no combate às carências nutricionais. Rev. Nutr., Campinas, v. 13, n. 1, p.11-16, 2000.

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