A educação alimentar é algo
bastante complexo, é um processo que envolve a mudança dos hábitos alimentares
através do aprendizado do que é saudável. Porém, a formação dos hábitos alimentares
envolve diversos aspectos, desde a infância até a vida adulta.
A história da evolução humana está diretamente ligada à
alimentação. Entre todas as espécies existentes na natureza, o ser humano é a
que possui a alimentação mais rica e variada. Primeiramente, sua sobrevivência
se baseou na capacidade de ingerir o que havia à disposição em seu habitat.
Mais tarde, a descoberta dos processos de cozimento enriqueceu e ampliou o
cardápio, permitindo o desenvolvimento de culinárias próprias e regionais. A
necessidade biológica de alimentar-se para sobreviver e garantir a continuidade
da espécie adquiriu então caráter cultural.
O
consumo alimentar em diferentes grupos sociais, se associa com as
características demográficas do local e do estilo de vida das pessoas. Além
disso, o uso de certos alimentos é ditado por regras sociais diversas, carregadas
de significados. Apreender e compreender a especificidade cultural dessas
regras sociais é muito importante para quem quer fazer uma reeducação
alimentar.
O alimento é algo representado,
ou seja, apreendido com significado cognitivo. Portanto, o comer não satisfaz
apenas a necessidade biológica, mas preenche também funções simbólicas, sociais,
emocionais e culturais.
O caráter simbólico do
alimento também se diferencia com a idade, situação social e outras variáveis. Em
todas as faixas etárias, encontra-se uma alimentação entendida como apropriada,
que varia de acordo com sexo e papéis sociais. Portanto, existe um processo de
socialização que procura mostrar o comportamento alimentar mais apropriado para
os diferentes grupos da sociedade.
Alguns hábitos são passados de geração a geração, outros vão sendo
adaptados de acordo com as mudanças na sociedade. Por exemplo, a inserção da
mulher no mercado de trabalho tem influenciado o padrão alimentar dos
brasileiros, quando da substituição de preparações com maior tempo de confecção
por refeições prontas ou semiprontas.
A cultura sempre foi um elemento orientador das opções
dietéticas. A abordagem cultural transforma a nutrição não somente em um
processo químico-biológico, mas também em uma forma de comunicação que contém
as raízes de cada povo, suas forças sagradas e seu simbolismo.
A manutenção das práticas alimentares tradicionais e a gastronomia típica aproximam os seres humanos, inserindo-os no contexto de sua territorialidade e identidade cultural.
A manutenção das práticas alimentares tradicionais e a gastronomia típica aproximam os seres humanos, inserindo-os no contexto de sua territorialidade e identidade cultural.
Apesar de todas essas influências culturais e sociais nos
hábitos alimentares, é possível fazer uma educação alimentar, de modo que o
saudável e o cultural caminhem juntos. Vale lembrar também que o Brasil é um
país que possui clima privilegiado, que resulta em uma variedade enorme de
alimentos.
Postado por: Luana Caldarelli
Referência:
RAMALHO, R. A.; SAUNDERS, C.
O papel da educação nutricional no combate às carências nutricionais. Rev.
Nutr., Campinas, v. 13, n. 1, p.11-16, 2000.
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