Um copo de leite no café da manhã, um sorvete depois do
almoço e, no jantar, um sanduíche de queijo branco. Esse é um cardápio
impraticável para a maioria dos intolerantes à lactose, pessoas que possuem uma
deficiência ou ausência de lactase, a enzima que digere o açúcar do leite.
Nesses casos, o consumo de laticínios provoca sintomas bem desagradáveis, como
gases, dores de barriga, inchaço abdominal, diarreia ou constipação.
A intensidade das manifestações depende da dose de
substância ingerida e da quantidade de enzima existente no organismo. Uma
reação comum aos portadores da síndrome é simplesmente deixar de lado os
alimentos que caem mal. Apesar de compreensível, essa pode ser uma medida
arriscada, ainda mais se tomada sem diagnóstico preciso e a orientação de um
profissional.
Não é possível diagnosticar a intolerância baseando-se
apenas nas manifestações clínicas, além de os sintomas serem semelhantes aos de
doenças gastrointestinais, as reações de cada indivíduo variam muito. É
importante que a pessoa seja encaminhada a um médico, que realizará os exames
apropriados.
O teste mais comum para detectar a deficiência de
lactase é oferecer, no laboratório, uma quantidade controlada de lactose. Aí, é
só dosar a glicose no sangue: se ela não aumentar em alguns minutos, sinal de
que esse açúcar do leite foi bem absorvido, supõe-se que ele não está sendo
digerido a contento.
Uma vez diagnosticada a deficiência de lactase, é preciso
pensar em estratégias para adaptar a dieta sem dar espaço a carências
nutricionais. O correto é determinar qual é a quantidade de produtos lácteos
que cada organismo suporta. Pesquisadores americanos notaram que há uma tolerância
média de 12 gramas de lactose ao dia, o equivalente a um copo de leite. Tirar os laticínios de vez do cardápio não é
boa ideia, porque o corpo vai entender que realmente não precisa mais produzir
as enzimas que digerem esses alimentos, ou seja, a medida extrema só
piora a situação.
O segredo, portanto, é começar com pequenas doses.
Também vale a pena investir em alguns derivados do leite que são mais
bem-aceitos pelos intolerantes à lactose. Entre outros cuidados, fique atento
ao consumo de proteínas e sódio, que aumentam a excreção de cálcio na urina.
Tudo isso, não custa lembrar, deve ser feito com orientação de um especialista.
Postado por: Barbara Correia Pires
Referência:Mattar R.; Mazo D. F. C. - Intolerância à
lactose: mudança de paradigmas com a biologia molecular, Rev. Assoc. Med. Bras., 2010; 56(2): 230-6.
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