Somos expostos a aproximadamente 1 a 3 milhões de substâncias químicas estranhas ao nosso organismo no decorrer de nossas vidas. Essas substâncias são denominada xenobióticos e incluem constituintes de plantas, drogas, pesticidas, cosméticos, aromatizantes, fragrâncias, aditivos alimentares, químicos industriais e poluentes ambientais. Muitas destas toxinas possuem efeitos nocivos ao metabolismo, na reprodução, na saúde mental e até aumentam o risco de alguns tipos de câncer.
O atleta normalmente vive em um ambiente propício para a exposição tóxica. O ambiente esportivo é influenciado por dietas específicas, ar poluído (em esportes realizados em ambientes externos), uso de medicações e suplementos que, juntos, podem levar à sobrecarga tóxica no organismo.
Abaixo estão listadas as principais fontes de exposição tóxica para o atleta, desde o ambiente em que vive, passando pelo padrão da alimentação e finalizando com os suplementos alimentares utilizados por essa população.
O padrão alimentar dos atletas normalmente se diferencia do de sedentários, sendo muito comuns práticas como restrição calórica e aumento da ingestão de proteínas, com o intuito de aumentar massa muscular e, consequentemente, melhorar a performance.
A restrição calórica é comum com os objetivos de perda de peso, para competir em uma categoria inferior ou por questões estéticas. Á longo prazo, essa prática pode prejudicar a função antioxidante e imunológica e o desempenho do atleta.
A ingestão aumentada de proteínas pode ser explicada pelo aumento da oxidação de aminoácidos durante o exercício. Porém, a dieta hiperprotéica, em longo prazo, pode complicar uma disfunção renal já existente. Além disso, a melhor fonte de proteína de alto valor biológico é de origem animal, animais estes normalmente não orgânicos e tratados com antibióticos e hormônios de crescimento. O consumo dessas substâncias através da carne pode predispor ao aparecimento de diversos cânceres. Há também outros tipos de componentes tóxicos presentes nessas carnes, como:
- Metais pesados: encontrados principalmente nos fígados e rins dos animais. Podem causar paralisia cerebral, retardo mental, cólicas e obstipação.
- Compostos nitrogenados: encontrados principalmente em peixes defumados e bacon. Pode aumentar o risco de câncer gástrico.
A água para ingestão também pode ser fonte de xenobióticos para atletas. Compostos como o alumínio é preocupante pelo fato de que esse metal na água potável é mais disponível e, por ser neurotóxico, pode haver associação com o Mal de Alzheimer, por isso é importante conhecer a fonte da água consumida.
Ambiente
No exercício, fatores como a interação com o intestino, poluição e estresse térmico representam fontes de xenobióticos.
Os atletas podem ter maior suscetibilidade e exposição aos poluentes do ar por mudanças fisiológicas que ocorrem durante o exercício. Os principais sinais e sintomas observados em atletas que competem em locais com baixa qualidade do ar são:
- Tosse e dor de garganta;
- Rinite,congestão e dor de cabeça;
- Erupções em atletas com sensibilidade alérgica
O ozônio provoca sintomas que incluem irritação nasal e na gargante,tosse, chiado, respiração curta e incapacidade de respiração profunda. Atletas são vulneráveis aos efeitos do ozônio inalado devido aos padrões de exercício. Porém,é possível que as pessoas se tornem habituadas à exposição ao ozônio.
O monóxido de carbono causa hipóxia (baixo teor de oxigênio) por vários mecanismos. Exercícios intensos em locais de muito trânsito por 30 minutos equivale-se a fumar 10 cigarros. O risco de intoxicação em corredores e ciclistas em áreas de congestionamento depende da concentração e do movimento do gás que,por sua vez,depende do vento e da temperatura.
O dióxido de enxofre é outro contaminante do ar que prejudica a performance de atletas e que pode provocar broncoespasmos.
Suplementos
A utilização de suplementos pelos atletas gira em torno de 40 a 60%.
Abaixo segue uma análise de alguns suplementos e seus efeitos tóxicos ao organismo.
Hormônio do crescimento: utilizado para aumento de massa muscular e estimulação da lipólise. Principais efeitos adversos:
- Acromegalia (mãos e pés crescem; alargamento da região frontal e testa);
- Retenção de líquidos;
- Aumento da taxa de doenças cardiovasculares;
- Resistência a insulina.
Aminoácidos: compõem os tecidos musculares. O grande problema em sua utilização é a segurança das doses utilizadas, que quando ultrapassadas podem causar danos:
- BCAA: risco aumentado de câncer na bexiga;
- Histidina: dor de cabeça,náusea e fraqueza;
- Lisina: aumento da excreção proteica e náusea;
- Arginina: problemas digestivos, sonolência e aumento de peso.
Para evitar que essa exposição tóxica ocorra, algumas medidas podem ser tomadas:
- Treinar em lugares menos poluídos, dando preferência a parques e áreas rurais;
- Consumir alimentos orgânicos e manter a saúde intestinal. Porém, faz-se necessário ofertar nutrientes que dão suporte a destoxificação, como abacaxi, laranja, melancia, gengibre e couve;
- Quanto aos suplementos, estes devem ser prescritos de forma individualizada somente por um profissional, que conheça o mecanismo de ação e interações de cada substância utilizada.
Postado por: Dayane Oliveira Fiuza
Referência:
KOMATSU, Camila Gomes. Exposição tóxica na alimentação,ambiente e suplementação de atletas. Revista Brasileira de Nutrição Funcional, ano 11, nº 48, pág.18-24, 2010.
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