sábado, 11 de maio de 2013

Gorduras Trans nos Alimentos


A qualidade dos lipídios da dieta possui um papel importante no risco de desenvolvimento de diversas doenças crônicas. Estudos epidemiológicos prévios sugerem uma associação positiva entre consumo de ácidos graxos trans e ocorrência de doenças cardiovasculares em ambos os gêneros. O consumo deste tipo de gordura vem sendo apontado como um fator de risco importante tanto quanto o consumo de ácidos graxos saturados para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares em ambos os gêneros.

Os ácidos graxos trans, isômeros geométricos e de posição dos ácidos graxos insaturados, podem ocorrer naturalmente em produtos derivados da carne e leite de animais ruminantes. Entretanto, as principais fontes de ácidos graxos trans na alimentação são os óleos vegetais parcialmente hidrogenados, contribuindo com cerca de 80 a 90% de todos os isômeros trans provenientes da dieta. Constituem fontes importantes de ácidos graxos trans na dieta: gorduras vegetais hidrogenadas, margarinas sólidas ou cremosas, cremes vegetais, biscoitos e bolachas, sorvetes cremosos, pães, batatas fritas comerciais preparadas em fast food, pastéis, bolos, tortas, massas ou qualquer outro alimento que contenha gordura vegetal hidrogenada entre seus ingredientes.

A ingestão de ácidos graxos trans aumenta a atividade da proteína de transferência de ésteres de colesterol, enzima responsável pela transferência de ésteres de colesterol de moléculas de HDL para LDL e para lipoproteína de densidade muito baixa (VLDL), explicando a mudança de perfil lipídico que ocorre em seres humanos.

O consumo de calorias provenientes de ácidos graxos trans tem sido associado ao aumento de LDL-colesterol sérico (low density lipoprotein cholesterol) e redução no HDL-colesterol sérico (high density lipoprotein cholesterol), resultando em aumento da relação LDL/HDL.

Há evidências de que dietas ricas em ácidos graxos trans podem elevar também as concentrações plasmáticas de triacilgliceróis e de lipoproteína Lp(a).

As maiores fontes de gorduras trans são: frituras encontradas em lanchonetes, produtos assados, petiscos empacotados, margarinas e bolachas. Entretanto, o conteúdo de gorduras trans é muito variável, em diferentes marcas de alimentos industrializados. Como exemplo, um estudo demonstrou haver enorme diferença no conteúdo de gorduras trans entre algumas marcas de barras achocolatadas, variando de 0,3 µg/g a 2,94 µg/g; nas margarinas, variou de 0,12 µg/g a 87,6 µg/g; e na batata tipo chips, de 0,09 µg/g a 3,5 µg/g. É considerado um cardápio rico nesse tipo de gordura uma porção grande de batatas fritas ou 100 g de pipoca de microondas, bolachas, waffers, tortas industrializadas ou cream crackers. Também ultrapassam os valores máximos preconizados, podendo chegar a 9 g/100 g, as sopas e os molhos enlatados.

Entidades governamentais incluindo o Brasil, sugeriram diminuição no consumo deste tipo de gordura e legislaram que estes ácidos graxos devem ter sua quantidade  informada no rótulo dos alimentos. Devido a isso muitas industrias e restaurantes vem retirando ou minimizando a quantidade de ácidos graxos trans dos seus produtos e utilizando a alegação 0% de gordura trans como uma medida boa para a saúde, no entanto, dados clínicos e epidemiológicos indicam que além do baixo teor de gorduras trans, é importante que os alimentos tenham pequenas quantidades de gorduras saturadas e uma boa relação dos ácidos graxos poliinsaturados ômega 3 (n-3) e ômega 6 (n-6).

O óleo de palma é uma alternativa aceitável para a industria por preservar características de palatabilidade e conservação dos alimentos. Contudo do ponto de vista nutricional óleos vegetais não-hidrogenados (ex: soja, canola, milho, girassol) produzem melhores efeitos no perfil lipídico, se comparados ao óleo de palma ou a óleos hidrogenados, e estes é que devem ser preferidos.



Postado por: Thais C. S. Silva




Referências:

Glagiardi, AC et al. Perfil Nutricional de Alimentos com alegação de zero gordura trans. Rev Assoc Med Bras 2009; 55(1): 50-3

Bertolino, CN et al. Influência do consumo alimentar de ácidos graxos trans no perfil de lipídios séricos em nipo-brasileiros de Bauru, São Paulo, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 22(2):357-364, fev, 2006

Scher, C et al. O que o Cardiologista precisa saber sobre gorduras Trans. Arq Bras Cardiol 2007; 90(1) : e4-e7 e.

Nenhum comentário:

Postar um comentário