A
osteoporose, literalmente, osso poroso, "é uma moléstia difusa do
esqueleto, caracterizada por massa óssea baixa e deterioração da
micro-arquitetura do tecido ósseo, responsável por fragilidade óssea e
predisposição à fraturas" (definição proposta na Conferência de Hong-Kong
sobre a Osteoporose - 02.04.93).Nos EUA, estima-se em 1 morte provocada pela osteoporose
a cada vinte minutos, com um custo financeiro direto e indireto de 7,5 bilhões
de dólares por ano. Das fraturas que ocorrem acima de 45 anos, 70% são
relacionadas à osteoporose e 1/3 das mulheres com idade em torno de 65 anos
terão fratura vertebral, enquanto que, aos 80 anos, 1 entre cada 3 mulheres e 1
entre cada 6 homens apresentarão fraturas de quadril, dados que apontam para 25
a 30 milhões de pessoas acometidas pela osteoporose neste país. Também na
população brasileira este fenômeno está sendo observado. De 7.540 milhões de
idosos atualmente, chegar-se-á em 2020 a 17,9 milhões, das quais,
potencialmente, 20% desenvolverão osteoporose (fonte: IBGE, censo de 1991).
LINDSAY
(1989) demostrou que deficiências nos hormônios sexuais são muito mais
importantes na patogênese da osteoporose do que a idade por si própria, pois os
efeitos da deprivação do estrógeno ocorrem independentemente do consumo de
cálcio e portanto, a simples suplementação de cálcio na dieta de mulheres
deficientes em estrógeno não previne a perda de massa óssea que se segue à redução
dos níveis circulantes de estrógeno.
Para
SINAKI (1989), a diferença sexual na prevalência e incidência de fraturas
vertebrais é resultado da diminuição da função ovariana que ocorre com a
chegada da menopausa, não havendo relação clara entre a osteoporose
pós-menopausal e a senil porque os homens perdem osso trabecular à medida que
envelhecem, enquanto que, nas mulheres após a menopausa, acelera-se a perda de
osso cortical. Essa perda de massa óssea é anos, terão perdido cerca de 47% do
sua massa óssea no esqueleto axial e cerca de 30% no esqueleto apendicular.
Um
dos motivos para essa maior perda de massa óssea por parte das mulheres é que
fatores que comumente estão associados à perda normal da massa óssea, como o
sedentarismo, a baixa ingestão de cálcio e a deficiência da produção de
hormônios, nelas estão mais fortemente presentes, tanto culturalmente
(normalmente as mulheres são mais sedentárias e tem alimentação mais fraca do
que os homens), quanto fisiologicamente, com a chegada mais cedo da menopausa
do que da andropausa, onde praticamente cessa a produção de hormônios sexuais,
sendo esta a maior causa da osteoporose primária.
Ao
se correlacionar o histórico de prática de atividades físicas com o consumo
adequado de cálcio, em praticantes de atividades físicas, não foi encontrado
efeito protetor desta combinação sobre a massa óssea.
Este
efeito só foi estatisticamente significante em sedentárias, nas quais a
alimentação insuficiente em cálcio foi mais presente nas portadoras de
osteoporose do que nas não-portadoras, indicando um efeito negativo da
alimentação insuficiente em cálcio sobre a massa óssea.
SANDLER
(1989) e SNOW-HARTER e MARCUS (1991), afirmaram que, embora a absorção adequada
de cálcio seja necessária para toda a vida, ela, por si só, não previne a
rápida erosão da massa esquelética que ocorre após a menopausa. Poderosos
mecanismos compensatórios permitem rápida adaptação às mudanças fisiológicas
que ocorrem nesse período, dessa forma, não é surpresa que o estado nutricional
de cálcio
não tenha influência determinante no nível de perda de massa óssea que ocorre
na menopausa, onde a aceleração inicial da perda de massa óssea reflete a
diminuição da produção de estrógeno, tendo pouca relação com o consumo de
cálcio.
BARAN
e col. (1989) demostraram que o aumento do consumo de cálcio por um período de
3 anos diminuiu o nível de perda da massa óssea vertebral em mulheres na
pré-menopausa, porém não aumentou a massa óssea. Para os autores, em mulheres
na pré-menopausa e, portanto, com níveis séricos normais de estrógeno,
o cálcio atua de forma significativa sobre a massa óssea. Já em mulheres na
pós-menopausa, deficientes em estrógeno, a suplementação de cálcio não exerce
efeito significativo sobre a massa óssea, embora a deficiência seja prejudicial.
HEANEY
(1991) elucidou as proposições de BARAN e col., afirmando que o consumo de
cálcio exerce um efeito protetor sobre a massa óssea em mulheres com 5 anos
após a menopausa. Enquanto que nos primeiros 5 anos após a interrupção das
menstruações, este efeito não ocorre.
Para
explicar esta diferença de atuação do cálcio, o autor sugere que o estrógeno
ajusta a massa óssea em um
"ponto-chave". Quando o estrógeno é retirado (na menopausa), o tecido
ósseo ajusta sua massa para baixo, da mesma forma que ocorre durante a
imobilização prolongada. Uma grande quantidade de cálcio é então liberada,
tanto que, durante os primeiros anos após a menopausa, ocorre pouca ou nenhuma
dependência de fontes externas de cálcio e portanto, o aumento do consumo deste
mineral durante esta fase não faz grande diferença na maioria dos casos. Porém,
assim que a quantidade de tecido ósseo estrógeno-dependente é removida, o
indivíduo recomeça a aumentar sua sensibilidade para o nível dietético de
cálcio.
Esta teoria resolve as contradições encontradas nos resultados das
pesquisas relativas a esse assunto, pois o aumento do consumo de cálcio só
parece ser fator primordial para a manutenção da integridade óssea em períodos
específicos, como a fase do "estirão", a gravidez e a
lactação e nos primeiros 5 anos após a menopausa. Fora esses períodos, os
fatores primordiais para a saúde do osso são o estado hormonal e a movimentação
mecânica do esqueleto. Portanto, o cálcio não é substituto para o estrógeno nem
para o exercício físico, apesar de ser fundamental na manutenção da integridade
esquelética.
Postado
por: Thais C. S. Silva
Referência:
JUNIOR.
B. et al. INFLUÊNCIA DA ATIVIDADE
FÍSICA E DA INGESTÃO DE CÁLCIO NA OSTEOPOROSE. MOTRIZ - Volume 3,
Número 1, Junho/1997
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