segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Hipertrofia cardíaca em atletas de triatlon


 

É um fenômeno bastante estudado e geralmente enquadrado no que chamamos de “coração do atleta”, uma adaptação fisiológica ao treinamento intenso e de longa duração.

Como acontece

O triatlo envolve endurance (resistência aeróbica) e também treinos de força e intensidade. Isso leva a dois tipos principais de estímulos no coração:

  1. Sobrecarga de volume (resistência/aeróbico)

    • Ocorre pelo grande retorno venoso durante atividades prolongadas.

    • Isso promove hipertrofia excêntrica → aumento do diâmetro das cavidades, principalmente o ventrículo esquerdo, com espessura da parede proporcional.

  2. Sobrecarga de pressão (força/intensidade, tiros, ciclismo em subida, etc.)

    • Aumenta a pressão sistólica durante o esforço.

    • Isso gera hipertrofia concêntrica → aumento da espessura da parede ventricular.

No triatleta, normalmente há uma combinação dessas adaptações: ventrículos mais dilatados e paredes mais espessas, mas dentro de limites fisiológicos.

Características do “coração do atleta” (fisiológico)

  • Espessura da parede do VE: geralmente até 12–13 mm em homens e 11 mm em mulheres.

  • Aumento do diâmetro das câmaras, especialmente do VE e do átrio esquerdo.

  • Função diastólica preservada ou até melhorada.

  • Frequência cardíaca de repouso reduzida (bradicardia fisiológica).

  • ECG pode mostrar alterações como aumento de voltagem (compatível com hipertrofia), mas sem sinais patológicos.

Diferença para hipertrofia patológica

É essencial diferenciar da cardiomiopatia hipertrófica ou hipertensão arterial:

  • Na patológica, a espessura é desproporcional (>15 mm), pode haver disfunção diastólica, arritmias e risco aumentado de morte súbita.

  • No atleta, a função cardíaca é preservada e a regressão parcial pode ocorrer após semanas de destreinamento.

Implicações para o triatleta

  • A hipertrofia fisiológica é uma adaptação positiva: melhora o débito cardíaco, aumenta a eficiência da bomba cardíaca e favorece a performance.

  • Deve-se monitorar em consultas médicas periódicas (ECG, ecocardiograma, teste ergométrico).

  • Avaliação cardiológica é fundamental, especialmente em atletas amadores de meia-idade ou mais velhos, para diferenciar adaptação de doença.

DIFERENÇAS 

Pessoa normal: parede > 11 mm em mulheres e > 12 mm em homens já é suspeita de hipertrofia patológica.

Atleta: pode tolerar até 13 mm como fisiológico, e em casos raros (ciclismo, remo, triatlo de elite), até 15–16 mm, desde que haja coração dilatado, simétrico e função preservada.

  • Normal adaptado: 10–11 mm (média relatada em endurance e triatlo).

  • Aceitável fisiológico: 12–13 mm (principalmente em homens, endurance e negros).

  • Limite superior em estudos de atletas de elite: até 15–16 mm, mas sempre acompanhado de dilatação da cavidade ventricular e função preservada.

Não é só uma mudança estrutural: ela muda a eficiência energética e o gasto calórico do coração e do corpo.

Em repouso:
O coração do atleta é mais econômico, com menor VO₂ miocárdico relativo.

O gasto calórico basal total do corpo não muda muito só por causa do coração, mas sim pelo maior volume de massa muscular e adaptações metabólicas

Durante exercício:

O coração é capaz de sustentar débitos cardíacos muito maiores (até 30–40 L/min em elite, vs. 20 L/min em não atletas).

O custo absoluto de energia sobe porque o corpo inteiro consome mais oxigênio (VO₂máx pode passar de 70–80 ml/kg/min em triatletas de elite).
Mas, para uma mesma carga de trabalho submáxima, o atleta gasta menos energia relativa (menor FC, menor lactato, maior eficiência mecânica).

Resumindo

  • Em repouso: gasto cardíaco ↓ (mais eficiente).

  • Em esforço submáximo: gasto ↓ (mesma tarefa com menos custo).

  • Em esforço máximo: gasto ↑ (coração consegue sustentar demandas enormes, mas isso é uma vantagem adaptativa).

Ou seja: o coração do triatleta consome menos energia para tarefas comuns, mas tem capacidade de gastar muito mais em situações extremas, com melhor rendimento metabólico.

Janete Neves 
Nutricionista 

 

Nutrição na TPM: ⬤

A Tensão Pré-Menstrual (TPM) é um conjunto de sintomas físicos e emocionais que muitas mulheres enfrentam nos dias que antecedem a menstruação. Entre os sintomas mais comuns estão irritabilidade, inchaço, cólicas, fadiga, alterações de humor e desejos alimentares intensos. A boa notícia é que a alimentação pode ser uma aliada poderosa para minimizar esses desconfortos.

Por que a influência na alimentação ⬤

Durante o TPM, ocorrem variações hormonais que afetam o metabolismo, o equilíbrio de neurotransmissores e a retenção de líquidos. Esses fatores aumentam a sensação de fome, a vontade por alimentos ricos em açúcar e gordura, além de causar surtos e alterações no humor.

Nutrientes que ajudam a aliviar o TPM

Magnésio

O magnésio ajuda a reduzir a irritabilidade, a ansiedade e as cólicas. Ele atua relaxando os músculos e regulando o sistema nervoso. Alimentos ricos em magnésio incluem:

  • Espinafre
  • Amêndoas
  • Abacate
  • Banana

Vitamina B6

A vitamina B6 contribui para a produção de serotonina, neurotransmissor que melhora o humor e reduz a sensação de depressão e irritabilidade. Fontes de vitamina B6:

  • Frango
  • Peixe
  • Batata
  • Grão-de-bico

Ômega-3

Os ácidos graxos ômega-3 possuem ação antiinflamatória e podem ajudar a diminuir a dor e o inchaço. Boas fontes são:

  • Peixes como salmão e sardinha
  • Linhaça
  • Chia

Cálcio

O cálcio pode reduzir sintomas como cólicas e alterações de humor. É encontrado em:

  • Leite e derivados
  • Vegetais verdes escuros
  • Tofu

Dicas práticas para ⬤

  • Evite o excesso de sal: O sal pode aumentar a retenção de líquidos e o inchaço.
  • Reduza o consumo de cafeína e açúcar: Eles podem piorar a irritabilidade e a ansiedade.
  • Prefira alimentos integrais: Eles ajudam a manter a saciedade e estabilizar o açúcar no sangue.
  • Hidrate-se bem: A água ajuda a reduzir o inchaço e melhorar o funcionamento do organismo.

Exemplo de cardápio para um dia na TPM

  • Café da manhã: Iogurte natural com banana e chia
  • Lanche da manhã: Mix de castanhas e amêndoas
  • Almoço: Salada de espinafre, arroz integral, filé de salmão grelhado e legumes cozidos
  • Lanche da tarde: Abacate com limão
  • Jantar: Sopa de legumes com tofu

Investir em uma alimentação equilibrada e rica em nutrientes pode fazer toda a diferença para enfrentar um TPM com mais leveza e bem-estar. Se os sintomas forem muito intensos, é importante buscar orientação médica.


Referências ⬤

  1. Bertone-Johnson ER. "Vitamina D e a ocorrência de depressão: associação causal ou evidência circunstancial?" Nutr Rev. 2009;67(8):481-492.
  2. Bertone-Johnson ER, et al. "Ingestão de cálcio e vitamina D e risco de síndrome pré-menstrual." Am J Clin Nutr. 2010;92(6):1701-1707.
  3. Freeman EW, et al. "O papel da serotonina na síndrome pré-menstrual." Psychopharmacol Bull. 1997;33(1):17-23.
  4. Young SN. "O papel da serotonina no humor humano e na interação social. Percepções a partir dos níveis alterados de triptofano." Pharmacol Biochem Behav. 1996;54(1): 1-14.
  5. Hall JE. "Manual de Fisiologia Médica Guyton e Hall". 13ª edição. Elsevier; 2015.

Kalila Kananda!!!!!